quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Será que o doutoramento é uma capacitação profissional desejável para os arquivistas?

Imagem copiada de Art & Culture Maven

Muito tem sido discutido no Brasil sobre a formação profissional dos arquivistas. A clássica querela sobre a obrigatoriedade ou não do diploma começa a ser superada por um questionamento mais tangente. Alguns daqueles que defendem a "reserva de mercado" para os diplomados o fazem de boa fé, acreditando que somente uma graduação específica, com carga horária e disciplinas pertinentes, é capaz de formar um profissional plenamente adequado aos arquivos. A pergunta atual é se tal profissional seria tão intensamente capacitado que dispensaria qualquer outro tipo de formação posterior, uma vez que um aprimoramento da formação poderia representar falta de compatibilidade com a função de arquivista.

A pergunta, longe de ser um exercício de ingênua retórica, é parte do processo kafkiano ao qual o arquivista Elizer Pires da Silva (ver Lattes aqui) vem sendo submetido, para tentar, sem sucesso, conseguir autorização para cursar doutorado na UNIRIO, como ele bem relatou em e-mail a este blog:


A atividade sugerida para todos aqueles que se preocupam com a formação dos profissionais de arquivo no Brasil, sendo ou não alunos da UnB é analisar criticamente o e-mail acima. Os que desejarem podem ainda analisar diplomaticamente uma das páginas do mencionado processo kafikiano na qual o arquivista expõe os os motivos que justificam a sua compatibilidade com o curso de doutoramento:


As respostas podem ser postadas diretamente nos comentários deste blog. As melhores concorrerão a um kit-flintstone de arquivos pessoais, composto por machadinha e pranchas de pedra: a última novidade tecnologia da informação, ideal para quem acha que pós-graduação é coisa do passado.

Falando em premiação não esqueça de VOTAR nesse blog para o prêmio internacional FRIDA, acesssando este link.  Ver post aqui

Postado por André Lopez

20 comentários:

  1. É um absurdo isso ai... continuemos no pragmatismo....

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  2. Não dá pra entender o porquê dessa privação.

    O Prof Elieser está seguindo uma carreira linda e contribuindo para a produção científica.

    O Arquivo Nacional não tem esse direito!

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  3. É um retrocesso. Uma área que tem a "pretensão" de assumir um grau maior de cientificidade, numa tentativa de sair do pragmatismo excessivo, e acaba reforçando uma postura "anticientífica". Sinceramente, difícil entender.

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  4. Como o Arquivo Nacional espera que o campo da Arquivística produza e difunda seu conhecimento sem trabalho de pesquisa?
    Aliás, era de se esperar que o AN estimulasse seus arquivistas a obter mais qualificação e capacidade de pesquisa.
    A negação por alegação de incompatibilidade parece indicar uma concepção da Arquivística como um conjunto de tarefas técnicas justapostas. O conhecimento em qualquer campo não pode se dar sem uma dobra reflexiva que o campo faz sobre si mesmo, tarefa de pesquisa a que se propõe o professor Eliezer. É preciso ser míope ou ter interesses estranhos à Arquivística para não ver a importância de tal trabalho para alicerçar o avanço desta área de conhecimentos.
    Geni Chaves Fernandes

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  5. Não existe relação algum direta entre doutoramento e uma melhor capacitação profissional.

    Profissionalização, tem uma relação direta com atender de forma adequada a demandas de mercado e a solução de problemas práticos alinhados com o objetivo da atuação.

    Estabelecer uma relação entre pesquisa acadêmica/científica com profissionalização, significa, transforma a ciência (que a sua base é a de compreender a realidade através de pesquisa rigorosa e critérios de criticidade da comunidade) e uma oportunidade de carreira para profissionais alocados no setor público que enxergam a pós-graduação como uma questão de cargos e salários.

    A ausência de um profissional para a realização de uma pesquisa científica é justificada caso este siga a carreira acadêmica.

    A boa relação entre profissionalismo e ciência, acontece quando os critérios para a a profissionalização (ou o que determina um bom profissional) são distintos dos critérios acadêmicos científicos.

    Porque estamos repletos e cercados de doutores, excelentes teóricos e péssimos profissionais (ou seja, aqueles capazes de converter teoria em resultado e transformação social).

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  6. Anônimo disse...
    Não existe relação algum direta entre doutoramento e uma melhor capacitação profissional...
    Depois disso só isso:

    http://www.youtube.com/watch?v=JozM9DEJ7vM&feature=related

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  7. Postando pela minha indignação e para que não pensem que o comentario um pouco acima fosse meu!

    A dedicação e a boa vontade do prof Elieser são comoventes..

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  8. Isso é o resultado de ter um monte de historiador amador na frente da principal instuição arquivística nacional.

    Eles não querem alguem que possam tomar o cargo deles.

    E com esse doutorado do nosso amigo Eliezer ele vai ser tornar o funcionario mais competente para assumir a direção do Arquivo Nacional.

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  9. QUE ABSURDO ! Sou funcionário da Universidade Federal Fluminense, tenho dezesseis anos de serviço público. Durante minha trajetória profissional na UFF fiz minha graduação em Arquivologia, e hoje estou finalizando o Curso de MBA – Gestão pela Qualidade Total. Causa estranheza uma instituição federal como o Arquivo Nacional cercear um direito legítimo de afastamento temporário de suas funções do Eliezer Pires da Silva. O Arquivo Nacional está incrédulo porque tem um profissional com Excelência com formação em arquivologia: Michel Foucault dá conta desse Reacionarismo ?

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  10. "Condizer com as atuais atividades" e "funções/atribuições de Arquivista" são coisas completamente diferentes. A questão é se ele REALMENTE utiliza o conhecimento adquirido em prol do Arquivo Nacional, ou se a instituição serve apenas como fonte de renda e/ou trampolim para atividades que ele realiza fora dali. Quem está lá dentro, bem sabe, que nem tudo é como parece. Infelizmente. O contexto é tão importante quanto o fato.

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  11. E complementando o comentário pouco acima sobre "historiadores amadores", ao que parece, a carreira que ainda não possui "estrada" é a Arquivologia, que pouco mostrou até hoje.

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  12. Brasil né? Se ele pedisse licença pra jogar uma partida de futebol com o diretor do AN quem sabe ele não conseguiria....

    Agora, Estudar? Trazer conhecimento pra dentro da instituição? Que bom servidor público "aqueles acomodados nas suas poltronas de gelo" se manifestaria a favor? Quanto mais os em cargo de confiança?? É ter mais alguem, de ofício, pra enxergar erros e fazer críticas e buscar melhorias... Pra que isso né?

    Se um profissional de arquivologia buscando conhecimento dentro e em prol do Arquivo Nacional é prejudicial.. paciência. Mas sinceramente e infelizmente, eu me assustaria com o contrário.

    Eu que ainda nem concluí minha graduação fico muito preocupado com essa situação. Mas até que tudo se resolva, vamos continuar parados rindo das situações constrangedoras dos arquivos alheios (que são nossos), nos estágios da vida... Ou não? Será que eu posso fazer outra coisa? #MEDO

    Porque enquanto a gente tá aqui no Historiador X Arquivista X Administrador, na prática, Dom Pedro I ainda tá gritando nas margens do Rio Ipiranga, A iniciativa privada do Brasil tá uma maravilha, e nem vamos comentar sobre o nosso lindo plano de classificação do conarq (eu gosto de falar disso porque é tão óbvio e tão... ninguem faz nada)....

    Desculpem-me se meu raciocínio parece "religioso", considerem que sou uma criança na frente de muitos que falaram aqui.

    Pedro Davi S. Carvalho
    6º Semestre de Arquivologia - UnB.

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  13. Luis, penso que deveria sair do mundo da ideias e partir para ação. Não adianta tanto falar se não é capaz de contribuir em nada para a instituição em que você trabalha!

    Ass.:

    Anônimo (mas não o anterior)

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  14. O que falta? falta vc mesmo parar de fazer perguntas e partir pra ação.

    Assinado:
    Arquivista hermeneuta!

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  15. Anônimo.

    E já estou fazendo isso; ou pelo menos tentando. Só que se você conhece a realidade administrativa dos órgãos públicos sabe que destinar verbas para arquivo é a última opção.

    Venha até a UnB e comprove as idéias que encaminhei à administração superior. Só que um arquivista sozinho puco pode fazer. Os superiores ouvem, leem, elogiam; mas não passa disso.

    Minha parete, eu já fiz: consicientizá-los.

    Hermeneuticamente,

    Luis Pereira dos Santos
    Arquivista/SRH/UnB

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  16. O AN não poderia dar outra resposta que não fosse a de negar o doutoramento de seu servidor. O que esperar de uma instituição dirigida por uma pessoa escolhida pelos homens da ditadura? Vide matéria veiculada na Carta Capital (http://nibrahc.blogspot.com/). O arcaísmo da arquivologia no Brasil reside nas mentes retrógradas e envelhecidas daqueles que deveriam exercer o papel de fomentadores do enriquecimento científico da profissão e que, pelo contrário, atuam como inibidores ditatoriais.

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  17. Eu sou a favor do afastamento do Eliezer para o seu doutorado. Ele estuda o que tem a ver com o Arquivo Nacional e é um direito estabelecido na lei.

    Caro anônimo, cuidado com essa inveja.

    Renato

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  18. Elieser,
    Já que você colocou esses dois documentos, poste também a resposta do comitê, assim podemos conhecer os motivos da negativa.

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  19. É por essas e outras iniciativas do Arquivo Nacional que não sabemos o que é ter um efetivo Sistema Nacional de Arquivos, desde que foi concebido um esboço desde 1962.

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  20. Posso lançar mais uma pergunta, ainda mais complicada? Vou lançar:

    d) Será que o plano de classificação, concebido apenas sob a ótica temática, sem respeitar as funções ou a estrutura organizacional vigente de uma instituição, continua válido?

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