domingo, 5 de setembro de 2010

O que será o amanhã?


No XVI CBA, Bruno Delmas nos apresentou um cenário intrigante da Arquivística. Com os sinais cada vez mais fortes da virtualização do documento, o questinamento feito por sua apresentação retoma a seguinte questão: qual o papel do arquivista diante da diluição do registro físico do documento de arquivo em bits? Com as tecnologias da informação marcando cada vez mais o compasso rumo à "desmaterialização" do documento, que cenários esperamos à profissão?

Os questionamentos feitos anteriormente ainda concorrem para outras indagações. Partindo do princípio de que o registro existe, nos resumiremos a dispô-los em ordem física? Caso contrário, se esta é a função de um arquivista, o que teremos que fazer se já não precisamos arrumar as coisas devido à sua imaterialidade?

Diante disso, Delmas apresenta três cenários diante da desmaterialização corrente. No primeiro o arquivista aparece, mas não com o ideal de dispor objetos, e sim com a preocupação da garantia da autenticidade e veracidade, trazendo nesse argumento a importância da Diplomática contemporânea, bem como o destaque do processo de atualização das informações custodiadas pelos arquivos. Já no segundo cenário, o arquivista some, vira pó. Logicamente por que não se tem documento físico, e se esse se resume ao trato deste, não há mais razão quando não se tem mais esse objeto. E por último, o futuro de que tudo é incerto. E acrescentaria aqui que este é o presente. Ou seja, o futuro seria a projeção do que vivemos.

Apesar de antigas, são questões que devem ser relembradas e que merecem destaque diante da problematização de nossa conduta profissional. Caso contrário, teremos que chamar o caça-fantasmas para procurar os arquivistas que ficaram nos escombros de seus princípios teóricos.

Postado por Rodrigo Fortes

Um comentário:

  1. A Arquivística Funcional do canadense Terry Cook fornece boa resposta de quem será este arquivista. A Arquivística Integrada, também de origem canadense, fornece outra.

    Os canadenses veem os arquivistas como seres pensantes e não meros arrumadores de documentos ou guardiões de "santuários sagrados" nos quais são custodiados documentos eternamente protegido e tratado pelo "pretor" (arquivista).

    No Brasil, parece haver um imaginário coletivo arquivístico nacional cuja preocupaação é senpre "esse documeno é permante"; "tal documento pode ser histórico" e blá, blá, blá... Não vejo o foco nos arquivos correntes.

    Os arquivos são ou não criados com a finalidade de servir a administração? Os valores secundários são "acidentais" (ver Schellenberg e Thomassen) É impressionante. O duscurso é sempre de proteger, salvaguardar, patrimônio histórico, patrimônio cultural. Só pensam nisso. E a Gestão de Documentos? Ou melhor ainda: e a gestão de informações orgânicas?

    A resposta já existe. Está na frente de todos os arquivista. Basta abrir os olhos e, naturalmente, pensar. Tarefa que parece impossível para muitos.

    Se isto não ocorrer, a solução é mesmo chamar os caça-fantasmas.

    Luis Pereira.

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