sexta-feira, 27 de maio de 2011

A informação para a ciência da informação

Copiado de Fottus

O conceito de informação para a ciência da informação: 
uma breve reflexão
Fernandez Kenji Inazawa*

É sabido que, ao longo da história da ciência da informação, uma das grandes discussões para o seu estabelecimento como ciência repousa, fundamentalmente, em discussões teórico-epistemológicas e em mudanças paradigmáticas. São várias as razões das dificuldades em se desenvolver um corte teórico para a ciência da informação; uma delas está relacionada à sua gênese, pois a ciência da informação nasceu da documentação e a biblioteconomia, duas disciplinas eminentemente técnicas, e não teóricas, voltadas para a coleta, organização, recuperação e disseminação da informação com o propósito de atender demandas reais de usuários. Dar um tratamento técnicos aos documentos era o foco, pois era através destes que se chegava à informação. Com o crescimento vertiginoso da informação científica e do uso das tecnologias o desafio ficou ainda maior, e outras variáveis surgiram para dificultar a organização e recuperação da informação. Mais esforços foram envidados na tentativa de desenvolver sistemas mais eficazes de recuperação, o que tornou os sistemas de indexação mais precisos, mais automatizados. Premida pela necessidade de se obter soluções práticas para a recuperação da informação (r.i.), a ciência da informação encontrava dificuldades óbvias para definir de maneira abstrata o conceito de informação, pois era quase inerente relacionar documento com informação. Na prática, se recuperava documentos para se ter informação, e se buscava informação através de documentos. Isto tudo tendo em vista a era anterior à internet. Até o presente, não se chegou, através do consenso entre pares, a um conceito universal de informação para a ciência da informação que fosse aplicável a todos os ramos de pesquisa da área.
* Bibliotecário, especialista em Gestão do Conhecimento e mestrando no PPGCINF-UnB


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Proposta de atividade


Discutir o conceito de informação apresentado por Kenji à luz dos pressupostos da Arquivologia. Será que a relação informação-documentos da Ciência da Informação pode ser automaticamente transposta para os documentos arquivo, constituídos para configurar prova em função de sua organicidade e autenticidade?

Trata-se de uma atividade individual optativa para os não-alunos. 

É obrigatória para os alunos de Diplomática e Tipologia Documental 1/2011, que deverão postar as respostas nos comments daqui, até às 18h59 mim do dia 03/04/2011.

3 comentários:

  1. "Capurro identifica a existência, na CI, de três grandes formas de se compreender a informação: como algo físico, como algo associado a uma dimensão cognitiva e, enfim, como fenômeno de natureza intersubjetiva, social." (ARAÚJO, 2010). Esses conceitos de informação, de maneira geral, podem ajudar e ajudam a arquivologia a se direcionar como ciência, entretanto não são suficientes quanto a ontologia da mesma. As necessidades da arquivologia não são suplidas diante da análise informação-documento explicitada Fernandez. Documento arquivístico não possui como existência primeira recuperação da informação como essa proposta nos remete.

    Como exposto por Jardim e Fonseca em 2004 a arquivologia deve se centrar cada vez mais no usuário da informação, já que essa é a razão de ser dos arquivos. O que não quer dizer que a relação automática da informação-documento seja aqui cabível.

    O conceito de informação na minha perspectiva não é o objeto de estudo da arquivologia e nem algo tão repleto de subjetivo. A importante, nesse aspecto, quanto a tomada de decisão da/o arquivista é ter a diferenciação entre, informação orgânica registrada (objeto de estudo da ciência) e documento e as limitações e possibilidades existentes em ambas.

    ARAÚJO, Carlos. O conceito de informação na ciência da informação. Acesso em: 28.05.2011. Disponível em: < http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/6951/4808>.

    FONSECA, Maria; JARDIM, José. Estudos de usuário em arquivos: em busca de um estado da arte. Acesso em: 28.05.2011. disponível em: .

    Por: Israel Gomes

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  2. Como exposto por Kenji, ainda não existe um conceito univeral da informação para a Ciência da Informação. A dificuldade em se definir esse conceito vem da ligação entre documento e informação . Assim, a Ciência da Informação tem como foco de seus estudos a elaboração de instrumentos de busca e recuperação da infornação, não interessando o produtor arquivísticodo documento, sua função, trâmite ou autenticidade.
    Já a informação considerada pela arquivística é aquela que reflete a função orgânica do documento no decorrer de suas atividades no âmbito do produtor arquivístico, buscando para tanto conhecer a natureza dos arquivos de modo a desenvolver técnicas de tratamento baseadas nos princípios de organicidade e autenticidade.
    Diante disso, acredito que a relação infornação-documento da Ciência da Informação não pode ser transposta para os documentos de arquivo pois o foco das pesquisas se distinguem de acordo com o conceito de informação que se toma por base.

    por: Diones da Costa Pereira

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  3. Sempre que escuto falar de Ciência da Informação ela está muito mais vinculada à Biblioteconomia do que à Arquivologia. Mas acho que no conceito apresentado por Kenji fica mais evidente a relação da CI com a Arquivologia, uma vez que ele enfatiza a relação informação/documentação, mas não específica qual tipo de documento, então porque não os documentos de arquivos? Os documentos arquivísticos são preservados como prova de alguma atividade, por motivos legais e históricos, mas em todos eles encontra-se uma informação que vai servir a algum destes propósitos. Guardadas as devidas proporções e detalhes de cada teoria acho que a busca por um paralelo entre CI e Arquivologia só tem a enriquecer as duas áreas. A dificuldade em definir o conceito de informação para a CI acredito que seja devido à multiplicidade de documentos que ela pode abranger (livros, documentos arquivísticos, etc.). O Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística define Ciência da Informação como a “disciplina que estuda a teoria e a prática da geração, processamento e disseminação da informação.” Por que não relacioná-la com os instrumentos de pesquisa desenvolvidos em um arquivo, com as necessidades dos usuários? É uma tema que conheço pouco, mas acho que essa aproximação entre as duas teorias é viável e enriquecedora. É preciso, no entanto, ter cuidado com a relação documentação/informação na hora de aplicar aos documentos arquivísticos. Uma das características mais importantes dos documentos de arquivo é a organicidade, portanto essa relação deve ser feita levando em consideração a informação e a série documental, pois fora de seu contexto o documento arquivístico é de difícil compreensão.

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